quarta-feira, 17 de julho de 2013

Crônica do dia: Saudades da Minha Gente


Tem certos dias que acordo pensando, na saudade que vem bater pra me acordar, saudade da minha terra, do meu povo da minha gente, que ficaram lá no interior, e vez por outra vou lá, e estão todos a me esperar...
Aquela saudade, dos tempos idos, do cheiro da terra molhada que subia quando chovia, do gosto da banana amassada que a tia Nila, já velhinha, fazia no fim de tarde pra gente criança, lanchar. Naquele tempo a gente brincava era nos quintais, no chá, pegava areia, juntava com água, fazia bolinho de barro, com caixas de papelão criava casas de bonecas, com vidros vazios a imaginação fazia brinquedos... Juntavam-se nas férias de julho uns seis primos, aquela escadinha de meninas e meninos a correr e gritar, que deixavam a avó paterna enlouquecida com a barulheira, mas mesmo assim a casa dela tinha uma garagem grande que era um esconderijo muito bom de brincar!  Correr pelo quintal, subir nas árvores, nos muros dos vizinhos, apanhar goiabas e carambolas tiradas frescas do pé, ahhhh saudades...




Na casa da avó materna sempre tinha um dengo a mais, carinho que não acabava, e historinhas pra dormir na cama de campanha. Se a gripe chegava tinha banho morno, café com leite e pão assado, e nunca faltava o Vick vaporub no peito pra tosse não atrapalhar a noite de sono, que nunca foram tão tranquilas como naqueles tempos...
Saudades dos almoços com bife ao molho da Judite, com suco de laranja feitinho na hora, e os cuidados especiais da vovó quando se ficava doente, naquele tempo as crianças tinha catapora, papeira, sarampo e sobreviviam todas sem vacinas, apenas com o amor e canja de galinha que ela fazia!
Quando melhorava a doença, pronto, ninguém mais lembrava de dor, e a brincadeira recomeçava...  os banhos de mangueira na lavagem do terraço, as noites de natal que lá sempre foram mais mágicas por conta do presépio e das historias sobre Jesus que a vovó contava, lá a gente aprendia que o Natal era Dele e não só pra ganhar presentes... mas sempre deixávamos os sapatinhos em baixo da arvore de natal no meio da sala, pra acordar no dia seguinte doidos de alegria pra ver o que havia! 




Ainda bem que tive muitos e muitos bons momentos desses pra recordar e ter saudades gostosas do que foi vivido... o que seria da vida sem boas lembranças? E a saudade da vovó.

Texto: Sandra Falcão.


GENTE HUMILDE ( Chico Buarque )
Tem certos dias
Em que eu penso em minha gente
E sinto assim
Todo o meu peito se apertar
Porque parece
Que acontece de repente
Como um desejo de eu viver
Sem me notar
Igual a como
Quando eu passo no subúrbio
Eu muito bem
Vindo de trem de algum lugar
E aí me dá
Como uma inveja dessa gente
Que vai em frente
Sem nem ter com quem contar

São casas simples
Com cadeiras na calçada
E na fachada
Escrito em cima que é um lar
Pela varanda
Flores tristes e baldias
Como a alegria
Que não tem onde encostar
E aí me dá uma tristeza
No meu peito
Feito um despeito
De eu não ter como lutar
E eu que não creio
Peço a Deus por minha gente
É gente humilde
Que vontade de chorar



Sandra Falcão.






2 comentários:

  1. Muito boa!

    Deu saudades da minha infância também.

    De uma São Paulo que já não existe mais. De ruas de paralelepípedo, algumas ainda com os trilhos do bonde. Da garoa. Dos terrenos baldios onde crescia um capim alto que dava para fazer um apito.

    De estar perto da minha família. Das viagens para Campinas para visitar os avós. De construir forte com as almofadas do sofá da sala da avó, que ficava brava, mas dava risada. Depois já éramos muitos netos, e o apartamento ficava cheio. Os netos dormiam na sala enfileirados.

    Henrique

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  2. MINHA FLOOOOOOOOOOOR!!!!!!!!!
    Q SAUDADES DE VC ISSO SIM!!!!!!!!
    COMO VOCÊ ESTÁ MINHA AMIGA????
    TEM VISTO AS COISAS PRA VIAGEM, VCS AINDA VÊM EM AGOSTO?

    FIQUEM COM DEUS
    AMO VCS E ESPERO NOTÍCIAS!!!!
    BEIJOOOOOOOO

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